Audiodescrição resumida: ao fundo, foto com fundo roxo, uma máquina de escrever cercada de bolinhas de papel. Em letras brancas: "não escrevi isso, mas escrevi aquilo".
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Não escrevi isso, mas escrevi aquilo

Escrever todo dia, eis uma meta de ano novo que parece se juntar ao grupinho das metas impossíveis. Se eu te disser que essa não é uma tarefa tão difícil, você acredita em mim? Basta seguir e acreditar no lema: “não escrevi isso, mas escrevi aquilo“.

Essa é uma frase que me ajudou muito nos últimos meses, nos quais eu não estava conseguindo focar em meus projetos pessoais de ficção, porque estava cheia de trabalhos – encomendados e que pagaram as minhas contas. Quando senti que seria forçada a dar uma pausa no projeto de “Os Ares de Luisa” me senti mal, quase incompetente.

“Você se diz escritora, vende essa imagem, e não escreve?”.

Ah, a autosabotagem, old friend, why you’re not shy?

Ao fim de um cansativo e longo dia de trabalho, eu notei que eu tinha trabalhado em 3 roteiros diferentes – para mídias diferentes – além de criado legendas de posts para o Instagram e descrições para vídeos do Youtube e percebi: eu escrevo todos os dias – e muito!

Escrever algo todos os dias

O exercício da escrita não precisa – e não deve – estar focado em um único projeto. Escrever diferentes tipos de texto é bom para treinar diferentes estilos. Essa frase “não escrevi isso, mas escrevi aquilo” vai te ajudar demais naqueles dias em que você se sente incompetente, ou melhor, que você não se sente um escritor. Mas é claro, ela só é efetiva se você escrever todo dia.

Um bom e-mail? Válido. Um blog post; uma boa legenda do Instagram; um lindo relato no diário, todas esses textos são válidos, se você ficou feliz com o resultado deles.

Não é o ideal, o ideal é você trabalhar em um projeto todos os dias para que ele fique pronto mais rápido e você possa torná-lo público, mas é uma troca justa e necessária em termos de saúde e qualidade. Cansado você não vai conseguir dar o melhor da sua escrita. Além disso, passando dos seus limites, pode chegar ao extremo de um Burnout, por exemplo.

“Não escrevi isso, mas escrevi aquilo” é mais do que uma frase de motivação, é um lema de auto cuidado para autores.

Newsletters e Blogs como ajudantes

Se você está buscando por um lugar para publicar esses escritos paralelos de grandes projetos – porque publicar é extremamente importante -, uma dica que eu dou é: crie o lugar ideal. Hoje, com a ajuda da tecnologia, você pode publicar seus textos gratuitamente em diversas plataformas.

Crie uma newsletter, na qual você pode trabalhar alguns dias no texto e se sentir um escritor no fim do dia. Ou crie um blog – como este aqui que você está lendo agora. Acredite, o meu dia de escrita de hoje está pago e eu estou leve como uma pena.

Se você tem uma escrita mais empresarial, pode apostar em artigos no LinkedIn, como fala o Matheus de Souza. Você é poeta? Por que não escrever um verso por dia ou um poema por dia? Crie o lugar ideal para que você veja a sua escrita diária tomando forma. Olhar para ela vai tornar usar “não escrevi isso, mas escrevi aquilo” mais fácil.

Tchau projetos, olá pagadores de conta!

A partir do momento que você perceber que é escritor, mesmo não trabalhando no projeto que você mais quer, vai começar a lidar com tudo com perfeccionismo de autor. Por um lado isso é bom: você sempre irá entregar bons resultados. Mas por outro é ruim: você não pode doar toda sua energia criativa para isso, afinal, aquele projeto lá ainda existe e ele merece o seu amor, carinho e atenção.

Trabalhar em projetos que te pagam é ótimo, afinal, eles te pagam – bem autoexplicativo. Mas trabalhar nos seus projetos é mágico: eles são o motivo de você escrever, e você não pode esquecer isso. E vai por mim, é bem fácil se perder, digo por experiência própria.

Fiquei mais de três meses sem tocar em um dos meus roteiros ou livros, trabalhando apenas naquilo que me pagava ao fim do mês. Foram três meses extremamente tristes. Eu me sentia incompleta – era como quando eu trabalhava CLT e gastava mais da metade do meu dia no trabalho e não tinha tempo pra projetos. Tudo estava se repetindo, eu não podia deixar.

Foi então que eu revivi o blog, comecei a investir de novo na escrita de boas descrições para o Youtube e voltei a olhar com carinho meus projetos. E é incrível como basta você fazer um movimento e o universo todo também movimenta à sua volta: estou com ótimas oportunidades em projetos pessoais e também vindas através de pessoas que me conheceram pelo Instagram e no Youtube.

Movimentando-se para novos caminhos

Só depende de você fazer o primeiro movimento, e quem sabe, os seus projetos pessoais não virem os seus pagadores de conta? Seria o máximo! Estou em busca disso e estou quase lá. O primeiro passo será participar da segunda turma do Impulso da Livus! Fui selecionada para uma das vagas gratuitas e, rufem os tambores…

entre março e abril está vindo um curso novinho para vocês, escritoras e escritores, criado por esta que vos fala!

Aguardem por mais detalhes!

Mas além do curso, estou pensando seriamente em criar uma Newsletter mensal, com indicações de textos, dicas e debates importantes para nós, que nem sempre consigo cobrir nos lugares já existentes. Por isso deixo a pergunta: vocês assinariam?

Além disso, uma das metas do ano é terminar “Os Ares de Luisa”. E essa eu vou cumprir. Luisa, pague minhas contas.

E você, já pensou quais são os caminhos que vai tomar esse ano? Escreva todo dia, esse é o maior conselho que eu te dou, mas lembre-se “não escrevi isso, mas escrevi aquilo”.

Nat Marques é roteirista, formada em Cinema na Fundação Armando Álvares Penteado. Trabalhou de 2016 a 2020 com acessibilidade na comunicação. Em 2019, o curta “O Bosque”, o qual roteirizou e dirigiu, foi selecionado para o Festival Internacional de Cinema de Itabaiana/SE. Em 2020, recebeu menção honrosa no concurso O Legado de Edgar Allan Poe por seu conto “Estrela da Manhã” e, no mesmo ano, foi vencedora do concurso Novos Roteiros Originais, da Organização de Estados Ibero-americanos, na categoria roteiros de série, por seu roteiro “Em Reforma”. Atualmente, trabalha com mentoria de roteiros audiovisuais e narrativas literárias, roteirização para eventos e criação de conteúdo.

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