Se você não caminha, ninguém vai caminhar por você
Há pouco mais de 5 meses eu estava pedindo para cumprir um aviso prévio no meu antigo emprego. Sim, no meio da quarentena lá estava eu, tremendo de medo da incerteza do futuro, mas convicta de que aquele não era mais o meu lugar. Claro que estava assustada, era meu primeiro emprego, cresci na empresa pessoalmente e profissionalmente, estava em um cargo de liderança, com 22 anos de idade ganhando um salário que muitas pessoas com muitos mais anos de carreira não ganham e eu saí para seguir o meu sonho: escrever.
Desde que iniciei o blog, meu intuito era de mostrar meus escritos, minhas histórias, mas a estrada foi tomando uma forma um pouco diferente. Descobri – com uma ajudinha e alguns choros – que sem divulgação e marketing, ninguém leria o blog. Também, que eu precisava montar uma imagem e um público alvo para meus escritos. Isso sem qualquer ideia utópica – que eu ainda carrego – de tornar todas as pessoas do mundo leitores, não das minhas obras, mas leitores. Você sabia que o brasileiro lê, em média, 2,4 livros por ano? O ano tem 12 meses! Mas isso é militância para outro post.
O que quero dizer é que nesse ano me tornei um polvo. Criei tentáculos, meus neurônios trabalharam a mil. Também me tornei semeadora, plantei muitas sementes que espero colher frutos no momento próspero. Mas estar aqui até agora não foi sorte, como muitos podem pensar, foi planejamento e ação. Se você não age, não vai acontecer. O universo é feito de ação e reação.
A gama de possibilidades que tomar o primeiro passo pode te abrir é infinita.
Se eu soubesse disso há 5 meses atrás, talvez eu não tivesse sofrido tanto com medo do porvir. Mas o que venho aprendendo é que se eu não caminhar, ninguém vai caminhar por mim. Dar o primeiro passo é fácil, difícil é manter a caminhada constante. Por isso, me tornar um polvo acabou sendo muito benéfico: tenho diversas pernas, não apenas duas, então me canso menos.
Dei os primeiros passos e, nos últimos meses, não vivo da minha escrita ficcional, mas vivo da escrita, sou redatora freelancer. A melhor parte desse trabalho é poder dedicar momentos do meu dia às minhas histórias e carreira como escritora, além de aprender coisas novas com as diversas demandas – escrevo para nichos de enfermagem, suplementos alimentares, organização, carros, segurança alimentar, entre outros.
Mantenho o blog para conteúdos que considero importantes de estarem escritos e registrados em palavras – escritor tem esse apego pelas letras -, mas também criei o canal no Youtube, para conteúdos que merecem estar guardados em vídeo – uma roteirista formada cineasta tem esse apego pelo vídeo. O marketing pessoal é que foi a maior novidade para mim. Comecei do zero, fiz oficinas, workshops e vejo, cada dia mais, o quão ele é importante para a construção da carreira de escritor, principalmente agora, no século XXI.
Dei mais um passo e auto publiquei um conto na Amazon, “Sina“, um conto de Natal. E anotem, é o primeiro de muitos. A auto publicação, ou publicação independente, se tornou uma realidade extremamente palpável, pela época que estamos vivendo e pela tecnologia que é oferecida. Ela foi o caminho inicial de muitos autores atualmente publicados por grandes editoras e de outros muitos, atualmente best-sellers da Amazon por livros de publicação independente.
E dois dias antes do Natal recebi a notícia de que fui vencedora do concurso Novos Roteiros Originais, da OEI. 2021 já vai começar com muito trabalho, muito aprendizado e visão para o futuro.
Não darei o discurso de que quando você faz algo por amor, não importa o quanto você estará ganhando de dinheiro, já que a realidade de muitos – inclusive a minha – é ter que pagar aluguel, água, luz, alimentação, etc. Mas é impressionante como, quando você age com vontade e determinação as coisas realmente acontecem.
Se você também acha que pode se tornar um polvo e quer caminhar por uma estrada diferente da que está agora, dê o primeiro passo, mas não esqueça que uma caminhada requer muitos e muitos passos. Em uma maratona, o atleta dá, no mínimo, 28.500 passos. Que o próximo ano me dê mais tentáculos e que faça com que os atuais criem ventosas e agarrarem nas coisas certas. Que eu possa caminhar cada vez mais. Eu olho para frente ainda um pouco amedrontada, cautelosa. Olho para trás sorrindo, por saber que tomei a decisão certa.