foto de rua na argentina. bom choque cultural
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O povo argentino é mil vezes mais sustentável que o brasileiro

Depois de um mês morando na Argentina, em Buenos Aires, para ser mais específica, em meio aos perrengues por conta do idioma diferente, eu venho notado, em diversos pontos, como o povo argentino é muito mais sustentável que o brasileiro.  Fazendo a copy para o Portal Green Academy há mais de um ano passei a conhecer muito mais sobre o mundo da sustentabilidade, objetivos de desenvolvimento sustentável e boas práticas diárias.

No Brasil, apesar de muito falar, pouco faz. O índice de reciclagem no país, por exemplo, é de apenas 4%, segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). Se você, como eu, é uma das pessoas que gosta de separar o lixo reciclável do orgânico para a coleta seletiva, continue fazendo isso, mas tendo em mente que pouco desse lixo realmente vai chegar aos pontos de reciclagem. Pois é, é uma pena.

Essa é uma das poucas práticas de desenvolvimento sustentável que é praticada pelos brasileiros constantemente – senão a única. Imaginem o susto quando cheguei aqui em Bsas, fui ao supermercado comprar alimentos para abastecer minha nova casa, passei no caixa e não vendiam sacolinhas plásticas! Você tem que levar a sua sacola retornável ao mercado ou vai sair com as compras nas mãos. Eles não têm sacolinha plástica, para o lixo você deve comprar sacos de lixo, daqueles reforçados.

E quando falamos de desenvolvimento sustentável, não falamos apenas de meio ambiente, mas também de sociedade, cuidado com o próximo. No Brasil, quando pedimos a conta no restaurante e vem 10% a mais do atendimento ou couvert artístico tem gente que faz até barraco. Aqui não, é cultural que se dê gorjeta. Não cobram nada na conta, mas se você não dá a “propina”, como é chamada aqui, é mal visto. Isso é maravilhoso, afinal, se foi bem atendido, seu pedido veio correto na mesa, nada mais justo que bonificar seu garçom ou garçonete.

A economia da Argentina está indo de mal a pior, sabemos muito bem, e se tem uma pequena prática diária que pode ajudar nem que for um pouquinho, temos que realizá-la. De grão em grão, a galinha enche o papo, né?

Quanto à igualdade de gênero, a Argentina foi o primeiro país da América do Sul a aprovar o casamento LGBTQIAP+, em 2010, e andando pelas ruas vejo casais LGBTQIAP+ sem medo de ser quem são, em diversos pontos da cidade, não só no centro, como via em São Paulo.

Não estou dizendo que tudo são flores, na verdade não são. Existe muito ainda que precisa ser mudado no cotidiano de Buenos Aires que poderia tornar a cidade mais sustentável.

Transporte público? Há em abundância e de qualidade. Tudo bem, esse é um ponto que São Paulo não fica para trás, há muita oferta de transporte público por lá também. Esse pode ser um ponto positivo para ambas, mas os preços são pontos negativos para as duas cidades. Aqui, para o povo argentino, o transporte público é tão caro quanto para os paulistanos. Como eu ganho em reais, gasto R$0,50 em uma passagem de ônibus, mas em pesos são $20, e para quem ganha um salário mínimo de $40.000, $40 por dia faz diferença.

Os chuveiros a gás, por exemplo, tão comuns por aqui, soltam quase cinco vezes mais CO² no ambiente que o chuveiro elétrico e apesar de a Argentina ter diversos rios navegáveis (inclusive em Buenos Aires), um dos 10 rios mais poluídos do mundo também se encontra por aqui.

Mas aquelas pequenas práticas, as práticas cotidianas, elas são muito mais comuns aqui que no Brasil e esse foi um choque cultural muito positivo para mim, algo que gostaria de levar para todo país que, algum dia, eu chamar de lar.

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