A Valorização da Arte no Brasil
Durante o filme “A Crônica Francesa”, um dos personagens fala que só se é artista quando se vende obras, se não for para vender, então não há porquê produzir. Isso me fez pensar como essa a valorização da arte ainda é pouco praticada no Brasil. Aqui os artistas têm medo de precificar e vender seus trabalhos, até porque poucas pessoas vão pagar o preço justo da sua arte.
Desenvolver um trabalho artístico, seja ele um texto, uma tela, dança ou um artesanato, requer habilidade, tempo e experiência, assim como qualquer outro trabalho de escritório, por exemplo. Por que, então, os trabalhos artísticos não são valorizados no Brasil?
A resposta é mais simples do que se imagina: porque a arte está diretamente ligada a momentos de entretenimento. Mas o que é entretenimento para o consumidor, é dedicação e, muitas vezes, exaustão para o artista.
Tempo de Preparação
Tenho um amigo que atua em cerca de seis peças ao ano. Infelizmente, essa não é a principal fonte de renda dele (o teatro não é o melhor amigo do banco) e por isso ele tem um emprego CLT para sobreviver. Portanto, ele trabalha oito horas por dia para uma empresa tradicional, além dos deveres da casa e de cuidar do filho. Onde ele arruma tempo para ensaiar as peças?
Noites, madrugadas e finais de semana. Enquanto a maioria das pessoas está se divertindo ou descansando, o artista continua trabalhando, principalmente aqueles cuja principal fonte de renda ainda não vem de sua arte. O mesmo cenário acontece em barzinhos, por exemplo. Você valoriza aquele cantor que está animando sua noite com os amigos? Ele provavelmente foi direto de um outro trabalho e ensaia nos dias de semana a noite e de madrugada, para tocar nos bares aos fins de semana.
Todo artista precisa de tempo de preparação, ensaio, estudo. Não é hobby, é trabalho! É divertido? Claro, o artista se expressa e o sentimento muitas vezes é bom, mas pode ser doloroso também. Coreografar e performar uma dança como essa, que tem os sentimentos de tristeza e impotência estampados, é difícil e pode acarretar muitos gatilhos.
Artistas Empreendedores
Um dos maiores desafios de se começar no mundo das artes é cobrar pelo seu trabalho. Não porque você não queira, você sabe que merece receber dinheiro por ele. Uma pessoa que paga 50 reais numa blusinha no shopping, pode pagar 40 reais na entrada do seu espetáculo de dança. Mas não paga. E o que você mais quer é mostrar o seu trabalho para o mundo, se expressar, então você prefere fazer um espetáculo gratuito que, ao menos, terá um público.
Outro desafio é achar o lugar para exibir sua arte quando você é iniciante. Existem galerias para quem está começando e centros culturais, mas são espaços muito concorridos, poucos conhecem. Se você é um artista de cidade pequena, tentando suas chances em uma cidade grande, conhecida como capital das artes, como São Paulo, isso se torna um desafio ainda maior.
É para vencer esses desafios e o preconceito de que trabalhar com arte não é trabalho que nasceu a expressão “artistas empreendedores”, tão disseminado nas redes sociais hoje em dia, principalmente pela Leticia Imai – que eu adoro, inclusive. A palavra “empreendedor” ao lado da palavra “artista” remete ao trabalho tradicional, daquela pessoa sentada em frente ao computador oito horas por dia. Mas ela é artista. Então ela “senta no computador oito horas por dia” para trabalhar na sua arte.
Incrível a língua portuguesa e as interpretações que tiramos de cada palavra, não é mesmo?
Mas isso não é negativo, é um passo que os artistas têm de tomar para conseguirem quebrar esse preconceito que ainda existe com o nosso trabalho. Daqui alguns anos espero que possamos voltar a ser chamados de artistas, dançarinos, cantores, guitarristas, com o devido respeito e consideração.
Valorização da Arte Brasileira no Brasil
Qual o último artista brasileiro independente que você ouviu no Spotify? Vejam que eu disse independente, isso quer dizer que Anitta, Pabllo, Alok não valem. Tem que ser aquele artista que grava sozinho, remixa sozinho e sobe nas plataformas sozinho (ou com uma equipe própria, sem gravadora grande).
Qual o último filme brasileiro que você assistiu? Nesses eu até vou deixar passar os filmes de comédia da Globo Filmes, mas não deveria, porque existe um vasto mundo do Cinema brasileiro que é inexplorado.
Qual o último livro escrito por um artista brasileiro que você leu? Não vale os clássicos, só os contemporâneos. Temos que valorizar os artistas vivos.
O fato é que o brasileiro não valoriza a arte brasileira, mas valoriza a arte estrangeira. Ele paga um ingresso de 600 reais para assistir ao show de um cantor estrangeiro, mas não paga os 80 pedidos pelo artista brasileiro. Ele encomenda um artesanato de um instagram gringo por 30 dólares (convertido para 150 reais), mas não paga 30 reais num artesanato brasileiro. E é por isso que o artista se esconde, muitos morrem em corpos de trabalhadores tradicionais, pela (des)valorização da arte no Brasil.
Um comentário
Armazém da Chiquita
O post “A Valorização da Arte no Brasil” aborda uma questão importante e oportuna. A citação do filme “A Crônica Francesa” sobre a necessidade de vender obras para ser considerado um artista destaca um dilema comum enfrentado pelos artistas no Brasil. É evidente que, assim como em qualquer outra profissão, a produção artística requer habilidade, dedicação e tempo. No entanto, muitos artistas brasileiros hesitam em precificar e vender suas obras, em parte devido ao receio de que poucas pessoas estejam dispostas a pagar o preço justo pela sua arte.
A falta de valorização da arte no Brasil é uma questão complexa. Ela pode ser atribuída a vários fatores, incluindo a falta de educação cultural e a escassez de políticas de apoio à cultura. Além disso, a mentalidade de que a arte não é uma carreira “real” ainda persiste em muitos setores da sociedade. No entanto, é fundamental reconhecer que a produção artística é uma forma válida de trabalho que contribui para a cultura e a expressão humana.
Encontramos a Boutique Virtual de Decoração, https://www.manumax.com.br, que pode ser um exemplo de arte incorporada à vida cotidiana. É importante lembrar que a arte não se limita apenas a telas e esculturas, mas também pode ser encontrada em objetos de decoração e produtos que enriquecem nossas casas. Valorizar o trabalho de artistas, independentemente da forma que ele assume, é uma maneira de apoiar e incentivar a produção artística no Brasil.
Em resumo, a valorização da arte no Brasil é uma questão complexa, mas é essencial reconhecer o valor do trabalho artístico e promover uma cultura que respeite e apoie os artistas. A arte desempenha um papel vital na sociedade, enriquecendo nossas vidas de maneiras diversas e significativas.