Análise – É o Bruno!
A série “É o Bruno!”, da Netflix, chega com uma proposta diferente de muitas obras que tentam utilizar dos animais como chamariz. Em “É o Bruno!” a relação homem-cão é levada ao extremo e o espectador se vê presente em um bairro do Brooklyn totalmente concentrado nos cachorros da vizinhança.
Desde o primeiro episódio não tem como deixar de lado a conexão com “Todo Mundo Odeia o Chris” e “Brooklyn 99”, não apenas pelo bairro em que a história se passa, mas também pela estética e personagens específicos.
Os Personagens
Bruno não é o protagonista, Malcom, seu dono, é. As mudanças acontecem na vida de Malcom e a história se move por conta disso. Mas a diferença dessa série de outras que permeiam a relação entre um animação de estimação e seu dono, é que em “É o Bruno!” Malcom literalmente vive em função da felicidade de Bruno. Claro que todos os donos de pets querem que eles sejam felizes e tenham sempre do melhor, mas Malcom leva isso a níveis extremos. Bruno é realmente tratado como uma pessoa.
Além disso, a vizinhança de Malcom, tem dezenas de outros cachorros, e as pessoas também vivem em função de tais cachorros. É como se o centro do universo fosse o mundo canino.
Carl e Charlie são personagens que é possível encontrar na vida real, mas que também já vimos antes na telinha, em “Todo Mundo Odeia o Chris”: Golpe Baixo e Jerome. Na verdade, espero que Solvam Naim tenha os colocado como homenagem, porque senão chega a ser uma cópia. Outro dos núcleos, que vem como uma surpresa, é o das pessoas que roubam cachorros para viver. Isso realmente existe e, de forma cômica, “É o Bruno!” os exibe, colocando o assunto em pauta.
Todos os personagens são bem estereotipados, mas isso é uma constante desse estilo de comédia americana. Esse fato se torna secundário em uma análise dos personagens quando se pensa que deve assistir parte dos acontecimentos pelos olhos de Bruno e cachorros não notariam todas as nuances de cada pessoa.
A série de um homem só
Durante a pandemia do coronavírus é comum de encontrar filmes e séries feitos por basicamente uma só pessoa. A quarentena exigiu isso dos produtores e artistas. Porém, antes mesmo do coronavírus ser real, Solvam Naim estava roteirizando, dirigindo, atuando e produzindo “É o Bruno!”. Mesmo com a equipe da Netflix toda à disposição, diga-se de passagem.
Conhecido do mundo do rap, essa não é a primeira vez que Naim se aventura na direção cinematográfica, ele já dirigiu um filme e também alguns episódios de “The Blacklist” e “Power”. Como primeira comédia, porém, Naim se deu muito bem e criou uma série e personagens que todos os amantes de pet vão se identificar.
O enredo de “É o Bruno!”
A série tem 8 episódios de aproximadamente 15 minutos. É possível montar um bom enredo de série com mais temporadas apenas com esse tempo e comprimento de episódios? É tão possível, que está feita. Com acontecimentos razoavelmente simples, “É o Bruno!” conta uma história que não é absurda, na verdade poderia estar acontecendo com qualquer um que tem um cachorro em uma cidade grande.
Naim utilizou de fatos banais do dia a dia de pais de pet, como cocô, vacina e passeios e os tornou muito especiais e diferentes na vida de Malcom e Bruno. Nesse ponto a série me lembrou bastante “Brooklyn 99” que também dá muita atenção à pequenos acontecimentos, como um burrito no almoço ou um vírus no computador e os torna o grande acontecimento que dará ação ao episódio.
Esse é o tipo de série que é possível maratonar sem se cansar e que a identificação acontece muito rápido. “É o Bruno!” tem um elemento a mais que cativa qualquer espectador: os lindos cachorrinhos que participam de todos os episódios — até o pinscher esquentadinho conquista. Andando no bairro de Higienópolis, em São Paulo, pode-se encontrar muitos Malcoms e Brunos. Na verdade, acredito que você conheça muitos pais de pet que dariam a vida pelo seu bichinho.
Já assistiu “É o Bruno!” ou ficou com vontade de assistir? Conta aqui nos comentários o que você achou da série. E se você estiver vindo de uma rede social, comenta por lá também.
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