5 Passos para dar um bom feedback de escrita

Não é raro alguém te mandar a seguinte mensagem “lê isso para mim e vê se está bom?”. No mundo da escrita isso é extremamente comum. Mas e o feedback? Como dar um feedback que ajude o autor, de uma forma que não seja cruel ou bonzinha demais? Continue a leitura, porque neste post vou dar 5 passos para dar um bom feedback de escrita.

O que devo analisar?

Antes das dicas, é preciso dizer que deixar claro o seu papel nessa leitura é essencial. Você vai analisar as questões de português e ortografia? Ou vai pensar como unificar o texto, que o autor está achando truncado? Você pode adicionar coisas ou fazer mudanças significativas?

Saiba qual é o seu papel nessa leitura e nesse feedback antes de começar, para que você saiba exatamente o que deve analisar e o que passar em retorno para o autor.

1 – Faça uma primeira leitura casual

Na primeira leitura do texto, não se apegue a detalhes, não releia, não anote. Finja que encontrou o texto na internet e está lendo casualmente, sem pretenção de dar opiniões ou feedbacks de escrita.

Essa primeira leitura é importante para que você sinta o ritmo do texto e saiba sobre o que ele está falando. Quando esse texto se tornar público, muito provavelmente as pessoas vão lê-lo apenas uma vez e, por isso, o seu feedback de escrita precisa incluir as impressões causadas nessa primeira leitura.

Assim que acabá-la, escreva uma observação geral, algo em torno de 3 a 5 linhas, explicando qual foi a sensação que o texto deixou depois de lê-lo casualmente.

2 – Leia pela segunda vez de forma mais crítica

Enquanto a primeira leitura serviu para conhecer o texto de forma geral, a segunda leitura vai te levar aos detalhes. Essa precisa ser uma leitura atenta e com paradas – para possíveis pesquisa de termos, anotações e impressões. Quando você recebeu a responsabilidade de dar sua opinião no texto de alguém – seja você um leitor beta, um consultor ou apenas um amigo -, é importante que você tenha muitas anotações feitas após a segunda leitura do texto.

Achou o texto truncado e de difícil entendimento? Quais frases ou parágrafos? Mudaria essa palavra por outra para não dar cacofonia? Use setas, cores de canetas diferentes, todos os artifícios que você tiver à sua mão para que essas anotações fiquem bem claras. Essa é a hora de colocar para fora tudo que sentiu durante a leitura. São essas anotações que darão forma ao seu feedback de escrita.

3 – Organize o feedback de escrita em tópicos

Vamos supor que dará o feedback de um conto. Você precisa falar dos personagens, do enredo e também de algumas melhorias em frases, que podem facilitar a leitura. No retorno, não misture tudo. Divida a conversa – ou texto – entre esses três tópicos. Comece com o que você tem mais pontos para comentar.

Acredite, na cabeça do autor, cada alteração que você sugerir já vai montar toda a possível mudança a ser feita no texto. Um detalhe se conecta ao outro, então se um personagem pareceu sarcástico demais e isso precisa ser mudado, talvez chegue uma cena na história que será integralmente excluída.

4 – Retorne também com elogios

Claro que quando pede-se para dar a opinião queremos saber o que deve ser mudado, mas não só de construção vive o artista, não é mesmo? Nosso ego costuma se ferir facilmente, então que tal elogiar nem que for uma coisinha? Digo mais, e isso eu aprendi em diversos lugares que já passei, seja em condições de superior ou submissão: comece o seu feedback com o elogio.

É o tão conhecido “morde e assopra”, só que nesse caso será “assopra e morde”. Quando você começa o seu feedback falando o que deu certo, o que chamou a atenção de maneira positiva, o autor já ficará preparado para receber também as críticas mais negativas – afinal, alguma coisa foi boa ao menos, então não precisa jogar tudo no lixo.

E se não tiver nada de bom? Isso é quase impossível, alguma coisa vai ter de bom. E esse também será seu trabalho na segunda leitura: achar pontos positivos que devem ser exaltados – e mantidos.

5 – Seja verdadeiro

Essa é a dica mais importante. Seja verdadeiro e não tenha medo de falar o que achou. Para o autor, é importante saber sua opinião mais sincera e, se ele te pediu para dar esse feedback de escrita, é porque não importa o que você disser, sua relação é de confiança e por isso você pode falar o que bem entender.

Esconder alguma crítica por medo de perder amizades é muito comum, e às vezes, justamente porque você não fez aquela crítica, o autor vai perder um grande contrato, já pensou nisso? Articule um modo tranquilo de falar, já com uma sugestão de solução, e mete bala, sem papas na língua.

Do mesmo modo para os apontamentos positivos. Se você quer falar que amou, que foi um dos melhores textos que você já leu, fale. Isso não vai tirar o crédito das suas sugestões de melhoria. O importante é que você e o autor tenham uma relação de confiança e que ele saiba que tudo que você falar ali é realmente o que você pensa.

Analisar e dar o feedback de escrita de um texto nem sempre é a tarefa mais fácil – com certeza é algo de muita responsabilidade – mas é uma parte importantíssima no processo criativo do autor.

Você é autor e vai pedir para alguém ler o seu texto? Manda esse post para seu leitor, assim ele já vai saber o que fazer!

Nat Marques é roteirista, formada em Cinema na Fundação Armando Álvares Penteado. Trabalhou de 2016 a 2020 com acessibilidade na comunicação. Em 2019, o curta “O Bosque”, o qual roteirizou e dirigiu, foi selecionado para o Festival Internacional de Cinema de Itabaiana/SE. Em 2020, recebeu menção honrosa no concurso O Legado de Edgar Allan Poe por seu conto “Estrela da Manhã” e, no mesmo ano, foi vencedora do concurso Novos Roteiros Originais, da Organização de Estados Ibero-americanos, na categoria roteiros de série, por seu roteiro “Em Reforma”. Atualmente, trabalha com mentoria de roteiros audiovisuais e narrativas literárias, roteirização para eventos e criação de conteúdo.