Audiodescrição resumida: ao fundo, foto de uma mesa de escritório com uma caneta, clipes de papel e uma agenda de 2021. Em letras brancas, em cima da foto, se 2021 fosse um filme.
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Se 2021 fosse um filme…

As luzes do cinema se apagam, a expectativa do público é muito grande. O filme anterior, 2020, foi muito triste, mas as cenas pós-créditos criaram uma fagulha de esperança de que 2021 seria incrível, espetacular.

Era esperado uma grande queima de fogos logo no início, na primeira cena. Existiu uma queima de fogos, mas foi tímida, contida, precavida. O montador do filme resolveu não colocar na obra final.

Lá se vai meia hora, uma hora, uma hora e meia, duas horas e o filme acaba.

Ué, aconteceu alguma coisa? Qual a história?

Para, olha mais de perto, aconteceu a vacinação em massa, por exemplo…

Ah, mas isso não resolveu o problema no final.

É,  mas sabe, esses filmes que querem parecer filmes europeus são assim, lentos, você tem que achar a beleza nos detalhes.

2021 é aquele ano que Godard ou Agnès Varda retratariam. O nome do diretor é desconhecido, mas a inspiração é óbvia.

As cores quentes – mais quentes que o normal e que o saudável para o planeta (1,5°C para ser exata) – tiveram clara referência à fotografia de Wes Anderson. Já os personagens de máscara recordam as distopias pós apocalípticas, “DUNA”, “Mad Max”, entre outras.

2021 deu a sensação de que realmente fosse uma distopia, mas que nenhum dos personagens percebiam isso. Fossem protagonistas, coadjuvantes, figurantes, seguiam com seus trabalhos, com seus passeios, com o mesmo estilo de vida que tinham antes da doença – que apareceu no filme 2020.

Isso foi uma das coisas que me incomodou no filme.

O quê?

A construção dos personagens. Eles não tiveram a mudança interna que achei que teriam de 2020 pra 2021. Será que vai acontecer só em 2022?

Vai lançar 2022?

Aham. Tá confirmado.

Nossa, não tenho muitas expectativas pra esse filme, não. Depois de 2021…

Eu acho que vai ser bom, eles anunciaram muitas mudanças.

Tomara.

Tomara.

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Nat Marques é roteirista, formada em Cinema na Fundação Armando Álvares Penteado. Trabalhou de 2016 a 2020 com acessibilidade na comunicação. Em 2019, o curta “O Bosque”, o qual roteirizou e dirigiu, foi selecionado para o Festival Internacional de Cinema de Itabaiana/SE. Em 2020, recebeu menção honrosa no concurso O Legado de Edgar Allan Poe por seu conto “Estrela da Manhã” e, no mesmo ano, foi vencedora do concurso Novos Roteiros Originais, da Organização de Estados Ibero-americanos, na categoria roteiros de série, por seu roteiro “Em Reforma”. Atualmente, trabalha com mentoria de roteiros audiovisuais e narrativas literárias, roteirização para eventos e criação de conteúdo.

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