Foto de matrioscas com máscaras brancas. Em frente a foto, escrito "diários de pandemia: falta de criatividade".
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Uma metonímia disfarçada de desabafo

Nas últimas semanas, estou me deparando com falta de criatividade, até falta de vontade de escrever, de criar, coisa que eu nunca tive antes. Assistindo ao último vídeo da Nátaly Neri, e acompanhando as redes sociais, eu percebi que isso é algo muito comum nos últimos meses: a improdutividade, a procrastinação e até a falta de criatividade.

Claro que está diretamente ligado ao momento que estamos passando no mundo, e principalmente, no Brasil. Chegamos a sentir uma espécie de impotência frente à pandemia, além da constante nuvem de estar sendo ridicularizado por um governo inconsciente, que paira sobre nós desde 2018, diga-se de passagem.

Já falei sobre isso no artigo sobre ver o extraordinário no dia a dia, mas a criatividade, o ato de criar, está muito ligado às diferentes experiências que você passa. A partir do momento que nossas experiências se limitaram a estar dentro de casa, criar uma rotina de trabalho, estudo e descanso sempre igual – até mesmo aos finais de semana, já que não podemos sair, ir em festas, encontrar pessoas em um bar -, apenas as experiências passadas servem de inspiração.

Mas não há melhor inspiração para mim do que um sentimento aflorado, novidades, desafios; não sei para para você.

Não devíamos nos cobrar, mas nos cobramos. Não devíamos deixar nos abalar, mas nos abalamos. É claro, “você mora no seu trabalho, por que não fazer umas horas extras, não é?”, “Ah, sábado eu tô em casa mesmo, não custa nada terminar aquele relatório”. São nessas e outras que acabamos nos perdendo.

Eu percebi que me perdi no dizer sim a mais coisas do que eu aguentaria – em questão de trabalho e afazeres mesmo. Já faz mais de um mês que eu não pinto a unha, e era uma prática que eu sempre gostei muito. Era o momento pra mim. Muita gente faz skin care, ou passa produtos nos cabelos. Eu, pinto as minhas unhas. Bom, pintava, e pretendo voltar a pintar quando tudo voltar ao normal.

Ao normal totalmente não, porque acredito que vai demorar pra voltar ao que era antes, ou não vai voltar. Mas quando as coisas na minha cabeça voltarem ao normal. Minha criatividade voltar ao normal. Eu tenho saudades de escrever por horas a fio. Já terminei um roteiro de curta em um só dia, porque a criatividade rolava, rolava, rolava. Hoje, se consigo cumprir minhas mil palavras diárias estabelecidas por dia, nossa, já é uma vitória.

Seguimos assim. Acho que o melhor mesmo é tentar diminuir o ritmo, deixar as coisas se assentarem. Não sei. Se eu forço parece que está sendo feito sem amor e quando releio, quero apagar tudo e refazer. Mesmo assim, é melhor fazer ou não fazer? Muitas perguntas a serem respondidas, sem nenhuma resposta certa.

Enquanto isso, lá vou eu tomar meu café com leite, programar o meu dia seguinte e quem sabe jogar um Fortnite a noite, para trazer uma adrenalina, liberar endorfina, já que não posso encontrá-la na rua, ainda. Depois de tudo isso, por favor, vamos marcar um bar ou um café e vamos viver experiências. Viver.

2 comentários

  • Monique Bispo

    AAcho que quando a gente não conaegue escrever nada, se forçar a.escrever de qualquer geito só piora as coisas. O melhor é deixar para lá, se diatrair um pouco com outras cosas. É como quando a gente faz de tudo para lembrar de algo e não se lembra, mas quando não pensamos mais naquilo e lembramos, de repente.

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