#pracegover audiodescrição resumida: ilustração em fundo cinza. No lado direito, oito riscos de diferentes tamanhos e cores descem do topo da ilustração. Ao lado dos riscos o escrito em rosa: "corrente de ouro - cassandra clare - resenha".
OPINIÃO

Corrente de Ouro (Vol. 1 As Últimas Horas) – Resenha Crítica

A criação de personagens é uma das tarefas mais importantes e também mais difíceis para o autor, um trabalho feito com calma e minúcia pode trazer uma história envolvente e arrebatadora. Cassandra Clare é uma autora excepcional na criação de personagens, suas três primeiras séries de livros (“Os Instrumentos Mortais”; “As Peças Infernais”; “Os Artifícios das Trevas”) estão nas estantes de milhares de pessoas provando esse fato. Infelizmente, em “Corrente de Ouro“, o primeiro livro da trilogia “As Últimas Horas”, esse fato não foi reafirmado.

O fato de a história contar com a presença de personagens bem construídos e já conhecidos pela prequela, como Will e Tessa, faz com que o leitor note a imensa diferença entre eles e personagens rasos como James e Cordelia. Apesar de protagonistas, há momentos que Matthew e Lucie, coadjuvantes, são mais bem construídos, e consequentemente, têm uma conexão maior com o leitor.

Compará-los com personagens que já possuem seis livros sobre eles, como Jace e Clary, é uma injustiça. Mas se relembrar do primeiro livro da trilogia “Os Artifícios das Trevas”, “Dama da meia-noite”, Julian e Emma tinham uma trama de detalhes em seu psicológico que era impossível não se conectar com tais personagens e com sua memória. “Todos temos luz e trevas dentro de nós” e mesmo assim, as trevas de James e Cordelia não são tão profundamente exploradas como a de Matthew e sua compulsão por bebida.

A história, assim como a das outras séries dos caçadores de sombras, entrega ação, aventura e muito romance. Além disso, tem o toque mercadológico de estar muito conectada com a trilogia “As Peças Infernais”, praticamente forçando o leitor a ler a história anterior. Explorar a relação dos Herondale com o sangue demoníaco é importante até mesmo para conexões das histórias do século XXI – já que “Corrente de Ouro” se passa entre o fim do século XIX e início do século XX.

Esse é outro ponto que merece atenção. Desde “As Peças Infernais”, Cassandra Clare mostrou como a pesquisa histórica para escrever é tão relevante e revela como ela fez muito bem seu trabalho. Retratar Londres do século XIX e XX é um desafio que ela faz com maestria, desde os lugares recriados de outros já existentes – e muitas vezes já falidos -, como os hábitos e costumes. Sua escrita se torna uma viagem à antiga Londres.

Natália e “Corrente de Ouro”

Particularmente, não achei um livro ruim, longe disso, porém esperava mais, tendo em vista que a última série que Cassandra Clare lançou, “Os Artifícios das Trevas”, foi muito bem construída, se tornando provavelmente a minha trilogia favorita dos caçadores de sombras. O lado sombrio de Matthew, que é o novo personagem mais bem construído da trilogia – Anna também leva créditos nessa – faz com que ele se torne meu personagem favorito, porque ele é real.

Eu gosto quando existe uma trama maior, salvadora do mundo, mas ela não fica tão acentuada, já que as relações entre os personagens sempre acaba levando a ela, construindo-a – como acontece em “As Peças Infernais” e até mesmo, fora do universo shadowhunter, em “The Umbrella Academy“.

“Corrente de Ouro” e a trilogia, de forma geral, servirá para preencher algumas lacunas históricas trazidas pelas narrativas que se passam no século XXI, e realmente espero que os personagens se mostrem menos superficiais nos próximos volumes.

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