Somos Tão Jovens
A mensagem da música “Tempo Perdido” da Legião Urbana vêm à cabeça ao fim dos 20 minutos de “Meninos Rimam“. O tempo da descoberta e da convicção do futuro parece se tornar cada vez mais curto atualmente. “Como você se vê em cinco anos?”, “Já sabe qual profissão quer seguir?”, “Você gosta de meninos ou meninas?”, são diversas respostas que pessoas de 16 ou 17 anos precisam responder, mas não deveriam (não agora).
O curta-metragem de Lucas Nunes chega com essa atmosfera da adolescência e das descobertas advindas com ela: o primeiro beijo, o primeiro amor, o sonho de uma carreira. Acompanhando os protagonistas Alexandre e Artur, vivemos uma história inocente e sincera de um amor puro que pode nascer de uma amizade.
Além disso, a trilha sonora presente no filme, toda embasada no rap, evoca um estilo de música pouco explorado no cinema brasileiro de grande circulação, mas que está se tornando mais evidente nos circuitos de curta-metragens. Os rappers, inclusive, estão começando a produzir seus videoclipes muito mais voltados a uma estética cinematográfica, de curta-metragem, do que numa estética “MTV”.
“Meninos Rimam” está inserido na sessão “Mostra Brasil – Relatos de Nós”, na qual o festival selecionou filmes retrato, ou seja, que passam uma história individual e ao mesmo tempo coletiva — a metonímia que o cinema contemporâneo precisa buscar para inserir os principais assuntos da atualidade.
A última frase do rap de Alexandre revela que aqueles garotos, que vivem naquele bairro de periferia, estudam na mesma escola e passaram por todos os desafios que a vida apresentou, ainda são meninos e, como dizia Renato Russo, tem todo o tempo do mundo. Devem sentir o que quiserem no momento, fazer o que quiserem no momento, sem a pressão da sociedade sobre aquilo ser definitivo. A rima é uma combinação, e se eles combinam, está tudo certo.
Para mais críticas dos curtas do Kinoforum, basta acessar o post inicial sobre o festival.