The Umbrella Academy – Crítica da Segunda Temporada
No último dia 31 de julho, a Netflix estreou em seu catálogo a 2ª temporada da série “The Umbrella Academy“, que avança na história da família Hargreeves, formada por sete irmãos adotivos, que nasceram com poderes especiais e foram criados – quase um treinamento militar – pelo magnata Reginald Hargreeves. A série é inspirada nos quadrinhos de mesmo nome, porém o tempo narrativo é diferente. Aliás, o tempo é uma constante na série, que se utiliza das viagens temporais para o desenvolvimento da trama.
No final da primeira temporada, os irmãos entram juntos em um vortex temporal criado por Five para fugir do fim do mundo – e salvá-lo . Essa também é uma característica muito forte na série como um todo, o mundo está sempre acabando de alguma maneira, e é uma metáfora muito boa para vida real, já que se não fizermos nada sobre, o mundo realmente pode acabar. Como cita Five, “ninguém é insignificante”.
As relações interpessoais e familiares foram o tema principal desde sua primeira temporada. A segunda temporada, porém, se mostrou extremamente atual, apesar de sabermos que foi gravada meses atrás, antes da pandemia. Além de continuar com a temática familiar, abordou a segregação racial, o preconceito de gênero, o machismo e o patriotismo extremista durante a época da Guerra Fria, de forma muito crítica e comparativa aos dias atuais.
Esse levantamento de várias bandeiras em uma só temporada poderia ter se tornado cansativo, como um tiroteio de informações e reflexões. Porém, os realizadores conseguiram dividir todas as discussões entre os episódios de forma tão harmoniosa que não se tornou nada cansativo, mas na verdade muito enriquecedor.
Isso torna a temporada muito mais significativa, principalmente porque a Netflix não aproveitou para lançá-la junto ao auge dos protestos de “Black Lives Matter” nos Estados Unidos, mas esperou ao menos um mês, não utilizando a trama da série de forma sensacionalista, mas como um meio de prolongar essa discussão, afinal, o preconceito racial permanece entre nós e precisa continuar sendo discutido por muito tempo.
Tecnicamente, a série cresceu de forma exponencial. Além dos diálogos mais bem formulados e personagens melhores construídos e aprofundados; a trilha sonora escolhida retratou cada momento de forma original e divertida – usar Backstreet Boys em uma cena de luta, por que ninguém pensou nisso antes? Mas a fotografia merece uma salva de palmas prolongada.
Na primeira temporada, podíamos notar o uso de planos mais oníricos, como nos quadrinhos, em algumas cenas – principalmente nas cenas de Cha Cha e Hazel. Na segunda temporada essa técnica foi utilizada em muitas cenas – senão em todas – de forma que pudemos assistir a um quadrinho em vida real, uma linda homenagem à origem da trama. Vou comentar mais sobre a fotografia especificamente no meu Instagram, então fiquem ligados por lá.
A segunda temporada de “The Umbrella Academy” revelou que as histórias de super heróis não precisam ser contadas de forma superficial com inúmeras cenas de ação e pancadaria – na verdade, tiveram poucas cenas desse tipo na temporada, e as que existiram preencheram muito bem o seu lugar. Apesar de possuírem poderes, os sete irmãos continuam humanos e é isso que merece ser retratado durante a história. Eles possuem um objetivo muito claro: salvar o mundo, mas para salvar o mundo primeiro eles tem de salvar a si mesmos e se tornar uma família de verdade.
Claramente, com esse discurso eu entraria para o culto do Klaus – rs.