#pracegover Audiodescrição resumida: Foto em preto e branco de uma máscara de gesso do teatro grego. No centro da foto, um quadrado branco com o escrito "catarse".
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Catarse: do Conceito ao Objetivo

Você já deve ter encontrado durante suas leituras e pesquisas o termo “catarse“. Ele é muito utilizado para indicar o modo que uma obra mexeu internamente com o espectador/leitor/ouvinte. Pode ser que fique mais fácil de você entender o que o termo realmente significa e identificar quando acontecer se souber um pouco mais de onde ele surgiu.

A etimologia da palavra catarse é purificação, processo que leva à pureza. O que isso tem a ver com o ato de escrever e criar? Muito. O conceito foi incrementado com o passar dos anos por diversos estudiosos e agregado à áreas do conhecimento, como filosofia, psicologia, religião e às artes. A catarse tornou-se um objetivo do fazer artístico.

Aristóteles

Voltemos alguns mil anos às tragédias gregas. Nos primórdios da estrutura dramática e narrativa, Aristóteles usa o conceito de catarse, atribuído-o diretamente à dramaturgia.

Enquanto Platão havia censurado as artes, por serem imitações do mundo das ideias, ou seja, uma cópia da cópia – caso você ainda não tenha lido o sobre o mito da caverna, leia —, Aristóteles, em “Poética“, vai no sentido contrário dessa ideia, afirmando que a arte — especificamente a tragédia —, imita o que é verossímil, e então causa terror e piedade, tendo por “efeito a purificação dessas emoções“.

Como as emoções seriam purificadas? Ao assistir à obra (no teatro), o espectador sentiria suas paixões e seus sofrimentos, se libertando da necessidade de senti-las de outro modo. Por exemplo, alguém com um forte desejo de matar, ao ir ao teatro e assistir uma cena de assassinato, se livraria desse desejo, pois já o teria vivenciado. Seria uma lavagem da alma do espectador.

Então, na visão filosófica de Aristóteles, a tragédia é uma grande ferramenta de autoconhecimento, atuando na purificação da consciência individual. Desse conceito nasceram todas as derivações para as diversas áreas do conhecimento que utilizam da ideia de catarse.

Catarse nas Artes

Como vimos, as artes, desde seus primórdios, se comunicam de forma muito profunda com o ser humano, alcançando o plano emocional e inconsciente. Por exemplo, quando uma pessoa entra em contato com uma obra artística — literária, pintura, música, filme, dança etc. — as emoções sentidas a libertam de uma tensão emocional e consequentemente traz alívio.

Por meio desse contato, a pessoa pode refletir sobre os sentimentos, ou seja, a arte é um meio de conhecimento e auto-transformação.

Catarse na Educação

Na educação, o termo é usado de uma forma um pouco diferente: quando os alunos têm total absorção das informações, para agirem como cidadãos responsáveis de seus atos, nesse momento que ocorre a catarse.

Há uma diferença entre os termos aprender e apreender. Quando alguém aprende algo, é possível que desaprenda, esqueça, pois foi um ato superficial, que aconteceu no momento da passagem da informação. Quando alguém apreende uma matéria, um dado, significa que além de aprender, ele assimilou e aquilo se tornou uma aquisição, ou seja, ele não irá esquecer de tal informação. Somente na apreensão haverá catarse.

Catarse em Outras Áreas

Em diversas religiões e cultos religiosos, a catarse seria o momento em que as pessoas entram em transe, tem visões, choram desesperadamente ou ficam demasiadamente felizes.

Já na psicologia, ela está diretamente ligada à cura de traumas e medos. Quem introduziu esse conceito à psicologia foi Sigmund Freud.

 

Se você gostaria de saber mais profundamente do assunto, considere ler o artigo “Sobre o conceito de Catarse na Poética de Aristóteles“, do filósofo Álvaro Queiroz e também o livro “Dialética do Esclarecimento“, de Theodor Adorno e Max Horkheimer, onde discorrem sobre a catarse no âmbito da Industria Cultural — uma produção artística que passa a ideologia dominante, tratando os espectadores como massa.

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Todas as imagens deste post possuem #pracegover com audiodescrição resumida em seus textos alternativos.

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